Qual o sentido da Vida?

 

Eta vida besta meu Deus! 
(Carlos Drummond de Andrade)

Assim como Drummond, também acho que a Vida por si só, não tem sentido algum.

Somos nós que damos sentido à Vida!

A Vida  oferece oportunidades, mas pede disposição. E então a gente dá (ou não) um sentido para ela. 

E sentido é questão de paladar! É pessoal, intransferível. 

Mas muita gente vive ou sobrevive com depressão, ansiedade, pânico, drogado, desesperado, sem ‘dar’ um sentido para a própria Vida.

Eu até posso entender, porque uma Vida que valha a pena viver é algo realmente muito trabalhoso.

Requer humildade, aceitação, desapego e o mais importante: “arregaçar as mangas”. 

Há muito a fazer, muito a doar, muito a receber, muito a perdoar e a perder, muito a compartilhar, muito a agradecer! 

A Vida até aceita negociações, mas pede trocas! 

Se faço um bolo, dou sentido ao meu dia e, se escrevo este texto, dou um sentido para a minha existência. São trocas. 

Porém, tem gente que fica esperando pelo ‘seu grande dia’ ou que algo especial aconteça, que finalmente dará um sentido à ‘sua grande’ Vida.

E isso é um equívoco! Não existe ‘o meu grande dia’ ou ‘a minha grande Vida’. Existe dias e existe a Vida, que é infinitamente mais ‘poderosa’ do que a gente!

Ilusoriamente também, muita gente acredita que será o ‘outro’ que dará um sentido à sua Vida.

Ou seja, essa pessoa, adulterada e dependente, se julga como um ser muito especial, que merece a dádiva do sentido da Vida, vinda das mãos do outro: seus pais, seus filhos, um relacionamento afetivo,  um sacerdote, um santo ou até de Deus!

A questão é que Deus não se intromete na Vida de ninguém!

Então de que vale Deus? Para nada! Eu que me valho de Dele! E faço valer a minha Vida.

No início da Vida, quando somos crianças, se os nossos pais nos deixar ‘soltos’, teremos muitas dificuldades em encontrar um sentido para a nossa infância. Podemos então, nos tornar crianças muito aflitas e depois, talvez, adultos desesperados. 

Portanto são os pais, a família, a escola, a igreja, a sociedade que nos ajuda a construir uma base onde podemos nos apoiar pela Vida afora.

Se por um lado, é muito perigoso os pais não ajudarem ao filho neste início da Vida, também será muito perigoso se o filho ficar preso ao que os pais entendem o que seja o sentido da Vida.

De novo, lembrando que o sentido de Vida é pessoal e intransferível!

Já na adolescência, é natural os jovens questionarem e sentirem muita ansiedade sobre o propósito de suas Vidas.

É um período de descrenças e um início de juízo de valor, que, em geral, é muito divergente dos valores de seus pais.

Nesse processo, se o jovem tiver apoio familiar e social, fará um rascunho daquilo que poderá ser o sentido de sua Vida.

É um período de transição… de aflição… de confusão…

No caminho da fase adulta, o jovem, para se aquietar, tenta ‘fazer’ aquilo que a família e a sociedade esperam dele, construindo uma imagem do lado de fora, vivendo a Vida com um sentido baseado em aprovação externa.

E no mundo externo a ‘moeda’ é a vaidade e competição.

Então a fase adulta chega e depois dos 35 anos, se o jovem perdeu aquele ‘rascunho’ do sentido de sua Vida, então será um momento muito difícil para ele! Será um período de “Deus nos acuda” ou, de ‘valha-me Deus”!

Se for ‘valha me Deus’, reflexões e questionamentos profundos acontecerão.

Porque, se o tempo de Vida está se encurtando, o sentido de Vida se alargará!

Texto: Jaqueline Cássia de Oliveira

 

Artigos relacionados

Respostas

  1. Texto bacana Jaqueline. Gratidão por compartilhar.
    Já faz algum tempo, que escrevi uma música que o título da letra é Nômade. No refrão, tem o seguinte verso:
    Eu só queria ser um nômade
    Nesse deserto de ilusão.
    Conhecer todos os atalhos
    E armadilhas do coração.

    A vida tem um pouco disso, né. Tem lá suas fases. Mas tem aquilo que chamo da fase de nomadismo, onde a gente não tem um lugar fixo, não tem uma morada fixa, muitos experimentam isso na vida. Alguns levam a vida um pouco assim. Até um dia de conhecer alguém, cair nas armadilhas do coração e começar a construir sua tenda, ou seja, de nômade passa para o sedentarismo. E esse sedentarismo é algo milenar que acompanha a sociedade desde os primórdios, pois foi assim que chegamos até aqui, tendo uma morada fixa, uma identidade, um nome, uma família, e tudo porque um dia nesse deserto de ilusão ficamos meio “abestalhados” e caímos nas armadilhas do coração.